Olá, pessoal, tudo bem?
Na primeira Lide de 2022, analisamos o que um possível banimento do Telegram no Brasil pode significar para o combate à desinformação.
Além disso, trazemos uma sugestão de ferramenta para organizar pesquisas com fotos, os conteúdos que mais nos interessaram no último mês e as novidades do InsperJor.
Boa leitura!
🎯 Telegram na mira do TSE
Em dezembro de 2021, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), enviou um ofício a Pavel Durov, diretor executivo do Telegram, com o objetivo de discutir medidas de combate à desinformação na plataforma no contexto das eleições deste ano.
Desde 2018 o TSE busca, sem sucesso, o contato com o Telegram. Diante de mais uma negativa, começaram a circular rumores em janeiro de que a Corte estaria cogitando banir a plataforma durante o período eleitoral na tentativa de impedir que a circulação de desinformação influencie o resultado do pleito.
O Brasil não seria o primeiro país a banir o Telegram. Rússia, China e Irã já tentaram bloquear o acesso ao aplicativo. No caso da Rússia, os usuários encontraram outras formas de usar o Telegram durante os dois anos de bloqueio, entre 2018 e 2020. Em janeiro deste ano, a Alemanha também passou a cogitar restrições ao aplicativo alegando que o discurso de ódio e a incitação à violência circulam livremente por lá.
A questão é complexa e reúne divergências entre especialistas: há quem defenda que o bloqueio pode ser positivo na mitigação dos impactos da disseminação de desinformação e discurso de ódio e também, por outro lado, há quem critique a medida, sob o argumento de que o efeito seria mínimo e ainda restringiria a comunicação de grupos vulneráveis que utilizam a plataforma por questões de segurança.
Não há dados precisos sobre o uso do Telegram no Brasil. Uma recente pesquisa estima que o aplicativo esteja presente em cerca de 53% dos smartphones brasileiros, mostrando o crescimento do número de usuários nos últimos anos. É sabido que o Telegram é um dos destinos preferenciais dos "desplataformizados" usuários e grupos que são banidos de plataformas mais populares, como Facebook, Twitter, YouTube e até mesmo WhatsApp, e essa migração tem o potencial de aumentar a coesão de grupos e a radicalização de conteúdos.
No caso brasileiro, a maior parte da justificativa para banir o aplicativo está pautada na circulação de desinformação. Ainda que apresentem maior disposição ao diálogo que a plataforma situada em Dubai, o Facebook, Twitter, YouTube e WhatsApp, os mais populares no Brasil, também não apresentam medidas eficientes para o combate à desinformação e discurso de ódio.
Embora defendam a moderação de conteúdo e a denúncia por usuários, estas plataformas falham cotidianamente ao endereçar questões ligadas a conteúdos falsos ou enganosos. Isso ficou ainda mais evidente durante a pandemia, quando postagens com teorias conspiratórias e antivacina continuam circulando sem sofrer qualquer tipo de sanção.
O bloqueio ao Telegram é uma medida paliativa incapaz de dar resposta à complexidade do fenômeno da desinformação no Brasil. E, mais do que isso, abre precedente perigoso porque parte para uma sanção sem mesmo debater o problema de origem: o que é desinformação e quem arbitra seus limites?
Já há exemplos mundo afora, vide Rússia, da ineficácia de medidas de banimento do Telegram, e um caminho mais saudável (embora mais trabalhoso) talvez seja punir condutas e usuários, e responsabilizar plataformas diante da omissão em casos de violação de direitos e políticas de uso.
⚡ Lemos, gostamos, compartilhamos!
⏩ O NiemanLab repercute uma pesquisa publicada na Harvard Kennedy School’s Misinformation Review que analisa como dedicar esforços a aumentar a confiabilidade de informações pode ser mais eficiente do que o combate à desinformação. Leia em detalhes.
⏩ Quer saber quais foram as melhores visualizações de dados de 2021? Aqui tem uma lista com outras listas em diferentes categorias e recortes com vários exemplos para servir de inspiração. As listas de 2015 a 2020 também estão disponíveis e podem ser úteis para ver a evolução das técnicas de visualização ao longo do tempo.
⏩ A repórter Brandy Zadrozny, da NBC News, acompanhou Justin durante um ano. Ele, que era um defensor do QAnon e suas teorias conspiratórias, começou a "cair na real" após a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. O relato mostra conta desde o seu processo de radicalização à adaptação à vida real após a intervenção de amigos e família.
🎯 Ferramenta do mês
Tropy é uma ferramenta que foi pensada para auxiliar na classificação de bancos de imagens utilizados em pesquisas acadêmicas. Tropy ajuda pesquisadores a identificar e organizar fotos de arquivo por meio de uma interface simples que permite fazer comentários e anotações individualizadas.
🎓 Enquanto isso, no Insper|Jor…
… a turma do Master em Jornalismo de Dados, Automação e Data Storytelling já apresentou os projetos finais, frutos do primeiro semestre de curso, e podemos garantir: tem muita ideia boa sendo colocada em prática. Conheça cada um dos projetos aqui.
… o curso Comunicação no Setor Público, realizado pelo programa de Políticas Públicas do Insper, está com inscrições abertas até 26 de janeiro. É uma oportunidade para começar o ano aprendendo sobre como transmitir informações complexas de um jeito acessível para diferentes audiências.
Até a próxima!
Equipe InsperJor