🤝 O que faz as pessoas confiarem no Jornalismo?
Jovens são mais desconfiados, mas reconhecem a importância do Jornalismo para a democracia
Olá, pessoal, tudo bem?
Na Lide de hoje, vamos conversar sobre um assunto que é complexo e que tem aquecido debates: a confiança no Jornalismo. A análise do Carlos Eduardo Lins da Silva faz um apanhado de pesquisas recentes sobre o tema e aponta o que deve ser revisto para que as audiências passem a confiar mais no Jornalismo.
nLogo em seguida, trazemos três dicas de leitura, uma indicação de ferramenta e as novidades do InsperJor.
Vamos lá?
🤝 Sobre confiança no Jornalismo
Americanos jovens (entre 18 e 34 anos) têm menos confiança no jornalismo do que pessoas mais idosas e do que as que tinham esta idade duas décadas atrás.
Este é um dos mais importantes achados de pesquisa de opinião realizada pelo Gallup para a Knight Foundation, publicada no último mês de setembro. Ela confirma outros estudos que apontam a mesma tendência,
Agentes do mercado de comunicação e pesquisadores do campo sabem já há tempo (pelo menos desde o início deste século) que o consumo de informações pelos meios tradicionais (jornais, revistas, TV, rádio) tem se reduzido de maneira drástica entre os mais moços.
Isso, evidentemente, representa um grande risco para esses veículos, que, sem conseguir renovar seu público podem estar condenados à irrelevância ou mesmo ao desaparecimento.
A boa notícia desta e outras pesquisas é que, apesar de confiarem pouco nesses veículos, os jovens os consideram importantes para a democracia.
Para esta parcela da sociedade, a confiança no jornalismo pode ser conquistada se ele for transparente sobre como chega às informações que veicula.
Diferentemente das pessoas mais velhas, que demonstram confiança nos títulos de veículos e nos jornalistas de renome, os jovens querem saber como se deu o processo de apuração dos fatos publicados.
Não deve ter sido à toa que a desconfiança dos jovens em relação ao jornalismo tem aumentado no século 21. Foi principalmente a partir de 2001 que a internet avançou como meio de informação prioritário, em especial entre os mais moços.
A pesquisa Gallup-Knight e outras mostram que as pessoas desta faixa etária, ao contrário das mais idosas, têm o hábito de confrontar as informações que recebem em fontes diversas.
Para 77% delas, o compromisso com a transparência (deixar claro como o veículo se mantém materialmente, como se dá o processo de decisão editorial, como as informações publicadas foram obtidas pelos jornalistas etc.) é muito importante para sua decisão de confiar ou não no material que lhes é oferecido.
Este é um dado importante para editores que desejem reter jovens no seu público. Em especial no Brasil, onde outra pesquisa mostra que 78% das pessoas acredita que jornalistas e veículos tentam esconder seus erros.
A cultura jornalística brasileira, de fato, é avessa à autocrítica, tende à arrogância e não gosta de transparência. Para sobreviverem numa sociedade que exige atitude oposta a esta, veículos e profissionais do jornalismo têm que rever seu comportamento.
⚡ Lemos, gostamos, compartilhamos!
⏩ O Reuters Institute for the Study of Journalism mantém uma seleção de trabalhos acadêmicos sobre 22 temas que ajudam a refletir sobre o que é produzido e o que precisa ser transformado no Jornalismo ao redor do mundo. A lista é continuamente atualizada e você pode ver os trabalhos completos aqui.
⏩ A mais recente edição da Columbia Journalism Review é inteiramente dedicada a pensar o jornalismo político. Há ótimos artigos, alguns deles bem centrados na experiência americana, mas alguns se aplicam ao Brasil. Osita Nwanevu pergunta “Para que serve o jornalismo político”. Ela diz:
“É verdade que a saúde da nossa democracia depende do estado do seu jornalismo. Mas a relação é uma via de mão-dupla. A democracia dá propósito ao jornalismo; o jornalista leva informação e argumentos para o público, e o público bem-informado atua, ou deixa clara sua preferência para aqueles com poder atuarem. Mas se nossas instituições políticas esclerosadas respondem menos à opinião pública em geral do que aos imperativos de grandes corporações e os mais ricos — o que os que moldam a opinião pública devem fazer?”
Kyle Pope diz, sobre a fixação da imprensa americana com Trump mesmo após sua derrota, que o “jornalismo político tem ouvido apenas as vozes mais estridentes por muito tempo”. Parece familiar?
⏩ Ed Yong, vencedor do Pulitzer deste ano e dono de uma das melhores coberturas sobre a pandemia na Atlantic, falou sobre suas técnicas de entrevista ao Nieman Storyboard. Mesmo quem acha que já sabe fazer as perguntas certas para uma fonte vai achar boas dicas ali. De como criar bons roteiros — e quando ou não segui-los — a como reagir em momentos mais emotivos, quando a pessoa entrevistada chora.
🎯 Ferramenta do mês
Já imaginou poder buscar por nomes de pessoas e de instituições em milhares de documentos, manuscritos digitalizados, imagens com texto e até mesmo em áudios de uma só vez? Essa é a proposta do Google Pinpoint, ferramenta que faz parte do Journalist Studio, um conjunto de aplicativos da Google News Initiative. A Abraji é a curadora do projeto no Brasil e já disponibilizou duas grandes coleções de documentos de interesse público na plataforma, uma relacionada à CPI da Pandemia e outra sobre o inquérito dos atos antidemocráticos. O acesso à ferramenta é gratuito e, recentemente, ajudou o The Boston Globe em reportagem investigativa que valeu um Pulitzer para o jornal.
🎓 Enquanto isso, no Insper|Jor…
...estamos com inscrições abertas para três cursos incríveis que podem te dar aquele ânimo no final do ano, tanto para aprofundar conhecimentos como para entrar em contato com novas possibilidades no Jornalismo e repensar a sua carreira. Vamos aos detalhes:
User Research para Conteúdo Digital - aprenda como a visão de produto pode transformar a indústria da comunicação e contribuir para o desenvolvimento de iniciativas sustentáveis, que colocam o usuário no centro de todo o processo. Matrículas até 30 de outubro!
Jornalismo e Cidades: desafios do plano diretor - a cada 10 anos, as cidades passam pelo processo de revisão do plano diretor que irá definir o planejamento urbano. Entender esta dinâmica é essencial para o futuro das cidades e o InsperJor, em parceria com o Lincoln Institute of Land and Policy e Arq.Futuro está oferecendo 30 bolsas integrais para jornalistas que cobrem cidades na grande imprensa e em veículos nativos digitais. O prazo para solicitar a bolsa é 3 de novembro.
Inteligência artificial aplicada à Comunicação - como aplicar a tecnologia para otimizar processos e auxiliar o trabalho de comunicadores? É o que este curso irá apresentar por meio de exemplos práticos e discussão ética sobre IA na Comunicação. As matrículas estão abertas até 19 de novembro.
Você já sabe, mas não custa lembrar: os cursos do InsperJor contam com descontos de associações parceiras (Abraji, ANER, ANJ, Ajor e Abracom), além de integrarem a política de descontos por matrículas antecipadas do Insper e processo de concessão de bolsas de estudos. Ficou com alguma dúvida? Fale com a gente. Basta responder a este e-mail.
… a turma do Master em Jornalismo de Dados, Automação e Data Storytelling já está colocando na rua seus projetos finais das disciplinas. Para a disciplina de OSINT, por exemplo, o grupo composto por Gabriela Caesar, Isabela Fleischmann e Thiago Araújo investigou como uma mentira se espalha na internet e alimenta a hesitação por vacinas de Covid-19. Já os alunos Lucas Thaynan, Renan França e Talita Burbulhan apuraram a circulação de armas de alto calibre em uma festa no Rio de Janeiro. Acompanhe o Twitter do InsperJor para conhecer outros trabalhos desenvolvidos pela turma!
Até a próxima!
Equipe Insper|Jor